A renomada ativista moçambicana dos direitos humanos, Alice Mabota, faleceu nesta quinta-feira, 12 de outubro, na África do Sul, vítima de doença. A notícia foi confirmada por uma fonte próxima, encerrando uma vida marcada pela dedicação à causa dos direitos humanos e pela busca incansável por justiça. Ela tinha 74 anos no momento de seu falecimento.
Alice Mabota, fundadora e presidente da Liga dos Direitos Humanos (LDH), desempenhou um papel crucial na promoção dos direitos humanos em Moçambique. Sendo a primeira organização independente nesse domínio no país, a LDH se tornou um farol de esperança para muitos que buscavam justiça e igualdade.
Uma das características notáveis de Alice Mabota foi sua coragem inabalável ao denunciar abusos dos direitos humanos, frequentemente cometidos por entidades estatais, com foco especial nas forças policiais. Sua abordagem incisiva e destemida a fez enfrentar processos criminais, inclusive da própria organização que fundou. Ela foi acusada de irregularidades financeiras e má gestão, envolvendo a alegação de pagamento fraudulento de imóveis a familiares, no valor de muitos milhões de meticais. Em resposta, Alice Mabota expressou confiança em sua inocência, insistindo que as acusações tinham a intenção de difamar seu nome.
Em suas próprias palavras, ela declarou: “Quem está a fazer bem é comentado, as pessoas que não estão a fazer nada não veem a superfície. O que devo garantir é que com o tempo a justiça dirá alguma coisa. Eu aguardo que seja chamada para responder. Podem apagar com tudo, mas eu vou continuar.”
Além de seu compromisso com os direitos humanos, Alice Mabota também se aventurou na política, tentando concorrer à Presidência da República nas eleições gerais de 2019 por meio da Coligação Aliança Democrática (CAD). No entanto, sua candidatura foi rejeitada devido a erros processuais, levando-a a alegar que se tratava de uma rejeição “administrativa e política,” em vez de técnica. Ela permaneceu resiliente, afirmando sua determinação em continuar a lutar por mudanças no país.
Sua última aparição pública foi como advogada de defesa de um dos funcionários de uma casa de câmbio acusada pela justiça moçambicana de ser usada para lavagem de dinheiro no escândalo das dívidas ocultas.
A morte de Alice Mabota deixa um vazio na luta pelos direitos humanos e na política em Moçambique, mas seu legado de coragem e compromisso com a justiça continuará a inspirar muitos.
