Grávida brasileira teme que filha nasça sem cidadania americana após ordem de Trump

Alice*, uma brasileira de 35 anos que vive nos Estados Unidos há 11 anos, está grávida de sete meses e teme que sua segunda filha nasça sem a cidadania americana. A preocupação surgiu após Donald Trump, recém-empossado como presidente, assinar uma ordem executiva que retira o direito automático de cidadania para filhos de imigrantes indocumentados ou com vistos temporários.

Alice deixou o Mato Grosso e atravessou o Rio Grande ao lado do marido em busca de melhores condições de vida. Hoje, o casal está bem estabelecido: ela coordena uma equipe de limpeza doméstica, ele possui uma construtora, e juntos possuem casa própria, terrenos e uma renda mensal de US$ 20 mil. A filha mais velha, de 9 anos, nasceu em Massachusetts e tem dupla cidadania, mas a bebê que nascerá em abril pode enfrentar uma realidade diferente.

A medida assinada por Trump busca reinterpretar a 14ª Emenda da Constituição americana, que garante cidadania a todas as pessoas nascidas no país. No entanto, a ordem já foi contestada judicialmente e temporariamente bloqueada por um juiz federal, que a considerou “flagrantemente inconstitucional”. Ainda assim, o caso deve ser levado à Suprema Corte, prolongando a incerteza para famílias como a de Alice.

“Eu já tenho uma filha americana, e agora teria outra filha considerada imigrante ilegal. Isso não é justo e acredito que seja ilegal. Vou até o fim para conseguir os documentos da minha filha”, desabafa Alice, que nunca iniciou seu processo de regularização migratória por medo de ser deportada. Ela afirma estar disposta a processar o governo americano caso sua filha não receba a cidadania.

A ordem de Trump tem sido alvo de críticas de organizações como a União Americana para Liberdades Civis (ACLU) e estados como Nova York, Califórnia e Massachusetts. Especialistas destacam que a medida pode causar enorme insegurança jurídica, além de impactar milhões de pessoas, incluindo crianças nascidas nos Estados Unidos nos últimos 150 anos.

Para Alice e sua família, o momento é de tensão, mas também de determinação. “Pago meus impostos, sigo as leis e não me considero uma criminosa. Vou lutar pelos direitos da minha filha, porque ela merece nascer com cidadania e dignidade.”

*Nome fictício para preservar a identidade.

Fonte: BBC News Brasil

Author: Admin

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *