Nesta sexta-feira, 3 de maio, Moçambique assinala sete anos desde a morte de Afonso Dhlakama, antigo presidente da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) e uma das figuras mais marcantes da história política do país. Dhlakama faleceu em 2018, na serra da Gorongosa, onde se encontrava refugiado nos seus últimos anos de vida. Tinha 65 anos.
Nascido em 1953, na província da Sofala, Afonso Dhlakama assumiu a liderança da RENAMO em 1979, após a morte de André Matsangaíssa. Sob seu comando, a RENAMO transformou-se de um movimento de resistência armada — apoiado externamente durante a Guerra Fria — numa força política legítima, desempenhando papel fundamental no Acordo Geral de Paz assinado em 1992, em Roma. O acordo pôs fim à guerra civil que durou 16 anos e custou centenas de milhares de vidas moçambicanas.
Dhlakama participou de todas as eleições presidenciais realizadas entre 1994 e 2014, sempre como candidato da RENAMO, tornando-se um símbolo da oposição moçambicana. Apesar de nunca ter vencido, a sua presença constante ajudou a moldar o sistema democrático multipartidário do país. Era visto tanto por apoiantes quanto por críticos como um líder firme, carismático e determinado.
Nos últimos anos de vida, Dhlakama teve papel central no diálogo com o Governo visando a desmilitarização e descentralização do país. Mesmo do interior da Gorongosa, continuou a liderar negociações que mais tarde dariam origem ao Acordo de Paz Definitivo assinado em 2019 — já após sua morte — pelo seu sucessor, Ossufo Momade, e o Presidente da República, Filipe Nyusi.
Sete anos depois, a memória de Afonso Dhlakama continua viva entre muitos moçambicanos, especialmente aqueles que viram nele um símbolo de resistência, coragem e persistência política. O seu legado permanece ligado não só à história da RENAMO, mas também ao percurso de Moçambique rumo à reconciliação nacional e à construção da paz duradoura.
Descansa em Paz, Afonso Dhlakama.