O CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, anunciou sua visita a Moçambique no final deste mês, após as eleições gerais de 9 de outubro, para se reunir com o novo presidente do país. O objetivo é discutir a retomada do projeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) Moçambique LNG, avaliado em cerca de 20 bilhões de dólares. A declaração foi feita durante uma apresentação para investidores em Paris, onde Pouyanne abordou os recentes avanços nas questões de segurança no norte de Moçambique e a viabilidade financeira do projeto.
“O projeto continua lucrativo; continuamos comprometidos”, afirmou o CEO, enfatizando que a TotalEnergies não abandonou seus planos no país, mesmo após a suspensão das atividades em 2021 devido aos ataques armados em Cabo Delgado. Contudo, “houve um progresso visível” na segurança da região, o que encoraja a empresa a considerar o retorno às operações.
Durante a apresentação, Pouyanne também mencionou que 70% a 80% do financiamento necessário para o projeto, que totaliza 14 bilhões de dólares, já foi reconfirmado pelos principais credores internacionais. No entanto, o CEO alertou que a TotalEnergies ainda aguarda a aprovação de três agências de crédito ocidentais, cujas regras para o financiamento de projetos de gás natural mudaram recentemente. “Assim que isso estiver em vigor, agiremos”, acrescentou.
O projeto Moçambique LNG, localizado em Palma, na província de Cabo Delgado, é considerado um dos maiores investimentos no setor de energia da África, com potencial para transformar Moçambique em um dos principais exportadores de gás do mundo. A expectativa é que a retomada do projeto possa impulsionar a economia moçambicana, gerar milhares de empregos e contribuir para o desenvolvimento de infraestruturas locais. Contudo, a continuidade das operações dependerá da estabilização política e do reforço da segurança, especialmente em Cabo Delgado, onde a insurgência islâmica tem causado deslocamento massivo de populações e dificultado o progresso de iniciativas econômicas.
O contexto político em Moçambique também foi mencionado durante a declaração de Pouyanne. Com as eleições presidenciais e legislativas se aproximando, o partido Frelimo, que governa o país há quase meio século, busca renovar seu mandato em meio à insurgência e ao controle das riquezas naturais do país. A visita do CEO ao novo presidente de Moçambique será determinante para traçar a próxima fase do projeto Moçambique LNG e definir o grau de envolvimento da TotalEnergies nos próximos anos. A reunião com o novo líder moçambicano também demonstra o interesse da TotalEnergies em colaborar estreitamente com o governo para garantir um ambiente mais favorável aos investimentos e ao desenvolvimento do gás natural, consolidando Moçambique como um dos principais atores no mercado global de GNL.
(Bendito Nascimento)