CRESCE O NÚMERO DE JOVENS COM HEPATITE ALCOÓLICA EM MOÇAMBIQUE

O número de jovens diagnosticados com hepatite alcoólica tem aumentado em Moçambique, acendendo um alerta entre os profissionais de saúde. A doença, que afeta diretamente o fígado — a maior glândula do corpo humano — está fortemente associada ao consumo excessivo de álcool, especialmente de bebidas destiladas e de produção caseira.

Segundo especialistas, o fígado exerce funções essenciais para o organismo, como a eliminação de substâncias tóxicas e a produção de bile, fundamental na digestão de gorduras. Quando sobrecarregado pelo álcool, o órgão pode inflamar, levando a condições graves como cirrose hepática e insuficiência hepática, ambas com risco de morte.

“Há cada vez mais consumo de bebidas destiladas, algumas feitas de forma caseira e com teor alcoólico muito alto. Isso pode causar danos ao fígado, provocando inflamações agudas que podem evoluir para um quadro irreversível de falência do órgão”, alertou a médica Liana Mondlane, Gastroenterologista do Hospital Central de Maputo (HCM).

🔍 Consumo entre os Jovens Aumenta

O cenário é preocupante. Dados revelam que mais jovens estão a consumir álcool com frequência, inclusive em idade escolar. O consumo precoce, iniciado aos 15 anos, pode resultar em casos de cirrose ainda aos 25 anos. Em Moçambique, o aumento do consumo tem sido visível, inclusive em estabelecimentos e arredores escolares, com relatos frequentes na imprensa local.

“Moçambique já foi apontado como um dos países com menor taxa de consumo de álcool na CPLP, mas essa realidade está a mudar. Muitos dos nossos pacientes jovens chegam com doenças hepáticas causadas pelo álcool”, acrescentou a especialista.

No Serviço de Gastroenterologia do HCM, 20% dos casos de doenças hepáticas estão associados ao consumo abusivo de álcool. Muitos desses pacientes apresentam quadros complexos, como hepatite alcoólica, diabetes, gordura no fígado e histórico de hepatite B ou C.

📊 Dados do INS Reforçam Preocupações

Um estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde (INS), com base no Inquérito sobre a Violência contra a Criança em Moçambique (InVIC 2019), revelou dados alarmantes. A pesquisa avaliou adolescentes e jovens entre 13 e 24 anos e apontou que:

  • 29,7% consomem álcool
  • 22,5% já usaram drogas
  • Jovens entre 18 e 24 anos apresentam taxas ainda mais elevadas
  • Mulheres relatam menos consumo de drogas que homens
  • Casados ou em união estável consomem menos álcool

🩺 Tratamento e Prevenção

Apesar do cenário alarmante, a hepatite alcoólica tem potencial de cura. O passo mais importante é a abstinência total do álcool. Se detectada precocemente, e com tratamento adequado, o fígado pode se regenerar.

“Se o paciente já apresenta barriga d’água, olhos amarelados e sinais de cirrose, há pouco a fazer. Mas nos casos iniciais, com gordura ou inflamação no fígado, é possível reverter o quadro com a interrupção do consumo alcoólico”, explicou a médica.

🚨 Conclusão

O aumento de casos entre jovens moçambicanos exige intervenções urgentes de saúde pública, com foco em:

  • Prevenção do consumo de álcool e drogas
  • Apoio à saúde mental
  • Redução das desigualdades sociais
  • Campanhas de sensibilização nas escolas e comunidades

🧬 A hepatite alcoólica pode ser evitada. A informação, o autocuidado e o apoio à juventude são as chaves para travar essa epidemia silenciosa.

📌 Fonte: Hospital Central de Maputo – HCM

Author: Admin

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