O governo do Rio de Janeiro confirmou nesta quarta-feira, 29 de outubro de 2025, a morte de 121 pessoas durante a megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na capital fluminense. Segundo o secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, entre as vítimas estão quatro agentes de segurança e 117 suspeitos ligados à facção Comando Vermelho, o que torna esta a operação mais letal da história do estado.
O que aconteceu
De acordo com informações oficiais, a operação tinha como objetivo desarticular bases do tráfico de drogas e prender lideranças do Comando Vermelho que atuavam nas duas comunidades. Após os confrontos, moradores da Penha afirmaram ter encontrado mais de 70 corpos em uma área de mata conhecida como Serra da Misericórdia, levando-os até a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais vias da região.
O secretário da Polícia Civil confirmou que 63 corpos foram encontrados na mata, mas reforçou que as perícias estão em andamento para verificar se todas as mortes estão relacionadas à operação. Além disso, 113 pessoas foram presas, sendo 33 de outros estados, incluindo Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco.
Estratégia de empurrar criminosos para a mata
A operação reacendeu o debate sobre a nova tática policial do governo estadual, que consiste em “empurrar” os criminosos para as áreas de mata, afastando os confrontos das zonas habitadas. Segundo as autoridades, a medida visa reduzir o risco de vítimas civis e proteger os moradores durante as incursões.
Imagens divulgadas mostram suspeitos fugindo para a vegetação enquanto helicópteros e blindados cercavam as saídas das comunidades. A polícia defende que a ação em terreno aberto permite maior precisão e menor risco à população, mas entidades de direitos humanos e organizações internacionais alertam para o perigo de abusos e a falta de transparência nas mortes ocorridas em áreas isoladas.
Divergência de opiniões
O governador Cláudio Castro classificou a operação como um “sucesso” e afirmou que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos. Por outro lado, grupos de direitos humanos e setores da sociedade civil pedem uma investigação independente para esclarecer as circunstâncias de todas as mortes.
Especialistas também destacam que a operação, embora considerada eficiente em termos de resultados imediatos, levanta preocupações sobre o uso excessivo da força e a ausência de fiscalização em áreas de difícil acesso.
Debate em aberto
O caso reacende a discussão sobre o equilíbrio entre segurança pública e direitos humanos no combate ao crime organizado. Enquanto o governo defende a nova estratégia como necessária para preservar vidas e restaurar a ordem, críticos argumentam que a falta de transparência e o elevado número de mortes colocam em dúvida a legitimidade das ações.
fonte: G1